quinta-feira, 7 de abril de 2016

Hoje

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Podia ser um qualquer destes dias, mas a Primavera tem sido madrasta. O que acaba por tornar os dias de Sol ainda mais especiais.
A buganvília que plantamos no ano passado está mais para lá do que para cá. Em compensação, a lavanda cresce e floresce a olhos visto e sente-se o aroma à passagem do vento.
E agora a quem é que apetece ir para casa?

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Évora é sempre uma boa ideia


 
 

 




 

 
Da primeira vez que fomos a Évora devemos ter escolhido o dia mais frio do ano. Céu nublado, muita humidade e frio tão cortante que deixava as mãos enregeladas em segundos. Estivemos quase a ficar em casa mas como tinha prometi a mim mesma que não me ia enfiar em casa a tremer de frio, resolvi, ou resolvemos, vá!, ir tremer de frio para Évora. O chato é que com o vai-não vai e o sair-não sair já eram horas de almoço quando finalmente fechámos a porta de casa e nos enfiámos no carro. Tudo normal, portanto. Por isso, tivemos de almoçar no primeiro restaurante que encontrámos, literalmente. Comida tradicional alentejana mas agora o nome... nenhum de nós fixou.
Como estava um frio de rachar só parámos para entrar em lojas, para nos aquecermos um bocadinho e num bar para beber um chá quente. O que foi pena porque Évora é uma cidade encantadora. Há muita história por todo o lado (sim, eu sei que é património mundial) e isso faz-me falta. Muita cultura. Uma livraria pequenina com café, daquelas que parece saída de Londres. Muitas lojinhas, das tradicionais àquelas retro-moderno-chiques e caríssimas que vendem principalmente produtos e (in)utilidades portugueses, às outras mais main stream. E o melhor de tudo, finalmente!, barros e cestos, muito cestos! Infelizmente não trouxe nada. Foi sempre a andar e até me pareceu que uma certa pessoa acelerou o passado mal eu avistei umas certas tacinhas de barro. Mas adiante!
A paragem para o chá foi num pequeno bar com o tecto em arcada em pedra que costuma ter música ao vivo. O palco minúsculo tinha espaço só para uma pessoa e uma guitarra. Acho que isso já não se vê em lado nenhum, pois não? 
A única desvantagem é só mesmo o facto de não haver praia perto, mas já me imaginava a viver em Évora.
 
Ah!, e agora com Sol e 25 graus!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 



quarta-feira, 30 de março de 2016

Caldas da Rainha: lojas de paragem obrigatória

O Clássico: A loja da Fábrica Bordallo Pinheiro
 
 
A Bordallo Pinheiro esteve para fechar, depois não fechou e agora é moda. E é daquelas modas boas. Há as peças clássicas, as mais contemporâneas e esta loja tem a particularidade de ter todo o primeiro andar com preços mais em conta. Quem é que não gosta de voltar para casa carregado de bons achados?
Fica na parte de cima do Parque D. Carlos I, um convite a um passeio a pé com paragem no Café Populus, mas esta parte teve de ficar para outra altura.
 
 

 



 
O clássico renovado: A loja do Sr. Jacinto


Sou apaixonada por este tecto maravilhoso que já tinha aparecido aqui http://alentejoblues.blogspot.pt/2015/08/corte-e-costura-loja-do-sr-jacinto.html. Mas há que dizer que toda a loja foi decorada com imenso gosto e só por isso é paragem obrigatória mesmo que não consigam pregar uma botão. 


 
 
Para quem gosta de se lançar em aventuras na costura e personalizar peças de roupa, a retrosaria tem muito mais do que os tecidos clássicos. Ela é padrões infantis, étnicos, e estes banquinhos aqui em cima que podem ser personalizados com estampagens dos vossos tecidos favoritos. O atendimento é para lá de simpático, atencioso e esclarecedor (sim, aqui percebem do negócio e farão o possível por esclarecer as vossas dúvidas).
Se não vos der jeito ir às Caldas da Rainha, a Loja do Sr. Jacinto está também à distância de um click
 
 

domingo, 27 de março de 2016

Cá estamos! Bem-vindos!

A nossa estória começou em Lisboa. Já tive o prazer de, em tempos, a contar ao jornal Sol e começa assim:

Uma tarde, no último dia de umas férias de Verão no Alentejo, sem a mínima vontade de voltar ao trabalho em Lisboa, baixou em mim a mui original fantasia de “ e se nos mudarmos aqui para o campo, remodelarmos o monte e o alugarmos a estrangeiros?”
“ Talvez um dia”. Foi a resposta do namorado, antes de começar a fazer as malas, sozinho.
Isto foi ainda antes da moda dos jovens licenciados, desgostosos com a vida na cidade, deixarem a correr os seus empregos e irem viver para o campo para se dedicarem à agricultura. Foi antes da moda dos revivalismos e dos pequenos negócios da internet chegarem à televisão.
Um par de anos mais tarde, quando arrumava, angustiada e à pressa, a nossa vida citadina em caixas de cartão já pouco ou nada havia dessa tarde, em que não me apeteceu voltar ao barulho de Lisboa, e da fantasia de ir para o Alentejo e transformar o monte, que tinha sido dos avós do namorado e que estava abandonado, num turismo rural.
Os últimos dias em Lisboa foram uma sucessão de “últimas vezes”. A última vez que desço a rua a pé para fazer compras na mercearia. A última vez que compro o jornal no quiosque das traseiras. A última vez que vou encontrar a minha amiga na Casa do Alentejo. A última vez que apanho o autocarro 35 para casa. A última vez que descemos juntos a Graça. Uma sucessão de momentos nostálgicos e dramáticos, alternados com ataques de pânico e falta de ar. O namorado, companheiro nos momentos difíceis, amparava-me como podia.
A ideia de deixar a minha Lisboa era um pesadelo. Calçada portuguesa à parte, ia-me faltar o Bairro Alto, o ir ali num instantinho ao miradouro da Graça beber um café, as compras no Chiado, o beber um copo no Cais do Sodré a caminho de casa, o Berardo quando chegávamos a Algés e afinal estava demasiado nublado para ir à praia. De repente, uma parte de mim até se achava capaz de escrever um fado, tal era o dramalhão em que me achava envolvida.
A outra parte, mais prática e despachada, escarnecia da súbita veia de fadista, já andava a reunir caixas há meses e até já tinha etiquetado cada caixa. E mal podia esperar para se ir enfiar no Ikea a comprar os móveis para a casa nova.
É que, em boa verdade, é preciso dizer que Lisboa nem sempre me tratou muito bem. Começando pela dificuldade em arranjar uma casa pequena a um preço razoável e num bairro histórico, passando pela falta de trabalho e, por consequência, pela falta de orçamento para correr todas as tascas e esplanadas da moda apregoadas pela bíblica Time Out até à queda monumental que dei à porta de casa. Que me deixou a ver estrelas, com arrepios a coxear nos dois meses que se seguiram.
Mas trocar Lisboa pelo Alentejo é muito mais do que pensar em decoração. É escolher uma vida mais simples. Mais crua. Menos camuflada por distracções. É afastarmo-nos de tudo aquilo que conhecemos por estar mesmo ali ao virar da esquina. Uma livraria, uma loja de
música, uma variedade de supermercados, as nossas queridas lojas de roupa, o conforto dos amigos.
Começar um negócio novo é sermos livres no melhor e no pior sentido. É termos mais tempo e menos dinheiro. É assumirmos o risco por inteiro e sermos afectados directamente pelos nossos erros. Por outro lado, eu gostava mais de Lisboa do que Lisboa gostava de mim. E o Alentejo, meio esquecido entre a elegante capital e a loucura do Algarve, também merecia uma oportunidade. E eu sempre tive um fraquinho por casos difíceis.


sexta-feira, 25 de março de 2016

Cercal: Alentejo Weaving



Quem vem ter connosco primeiro é Monica. Vem sorridente e atarefada, do que parece ser uma pequena horta nas traseiras da casa. Do outro lado a paisagem é simples e calorosa e toca até os corações mais urbanos: a planície dourada alentejana pontuada por ovelhas em pequenas encosta suaves a perder de vista.
Um gato espreguiça-se ao Sol no calor ameno do fim da tarde.
Carlos Oliveira recebe-nos logo de seguida de mão estendida para um "passou bem"(na verdade, não podia estar melhor e ainda não tinha visto a lojinha) caloroso. Recebe-nos com um sorriso honesto e paciente de quem está habituado às gentes mas aprecia o silêncio da planície.
Descobri a Alentejo Weaving por acaso através da Vida Portuguesa. Quando percebi que era aqui mais ou menos perto não descansei enquanto não lá fui ver tudo pelos meus próprios olhinhos.
A loja é dentro da propriedade de Carlos e Monica, assim como a oficina, onde são executadas as peças. Aqui respira-se respeito pelas tradições, pela terra, pela vida.

 
Almofadas, mantas e malas. Tudo feito artesanalmente e por encomenda (se quisermos). Cada peça é única e Carlos nunca repete o padrão e não gosta de fazer a mesma peça duas vezes.
- "Fica mais caro" - diz, - "porque é muito cansativo estar com toda a atenção para conseguir repetir o desenho sem erros".


Para quem como nós vive a respirar Zara, H&m, Ikea e companhia limitada, é quase estranho (mas em bom, em muito bom!), delicioso e absolutamente magnífico perceber a extraordinária qualidade destes materiais e a mestria com que as peças são feitas. E, como estou cada vez mais numa de comércio justo e local acho-me completamente deslumbrada com estas pessoas que resistem em juntar-se ao fácil e ao barato, que são capazes de pensar a tradição e de arranjar maneira de a renovar, fazendo com que perdure no tempo. É o caso destas malas, que foram ideia de Monica Curtin, fotógrafa inglesa e companheira de Carlos.




A loja fica num pequeno anexo que foi "vestido" a rigor para albergar as peças que Carlos vai fazendo sair do tear. Mas há artigos que não estão à venda como este tapete aqui em baixo ao meio.

 
 
 
É um bocadinho como a Alice no País das Maravilhas. Entrar aqui é como entrar num mundo completamente diferente.
 

E depois nunca mais vamos olhar para a fast-fashion da mesma maneira.


Eu ainda tive direito a uma pequena introdução ao ciclo da lã e ao processo desde a tosquia da ovelha até à fase em que a lã está pronta para ser trabalhada no tear. Até fiquei a saber que a lã de melhor qualidade, mais resistente já quase pronta a trabalhar ainda cheira ligeiramente a ovelha (épah, c'a nojo!, mas por acaso não! ok?). É um cheiro suave e ligeiramente adocicado que não se nota logo.
E, já agora, que não tarda estamos no Inverno, até é importante sabermos estas coisas, que é para depois percebermos porque raio passamos frio com as camisolas da Zara que, na maior parte da vezes não têm um pingo de lã.


Alentejo Weaving fica perto do Cercal na costa alentejana. Pelo caminho, na estrada de terra batida, ainda me fartei de apanhar e comer amoras.